(Orientação: Prof. Dr. Marco Aurélio)²
RIBEIRO, Júlio. A Carne. São Paulo: Martin Claret, 1999.
SCHWARCZ, Lilia Moritz. O Espetáculo das Raças – cientistas, instituições e questão racial no Brasil 1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
VIANNA, Francisco José de Oliveira. Populações meridionais do Brasil - volume I: Populações rurais do Centro-Sul. 6ª edição. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1973.

A autora no capitulo “Uma história de ‘diferenças e desigualdades. ’ As doutrinas raciais do século XIX.” mostra a trajetória das teorias raciais, e como elas se envolveram em diversos pensamentos desde o século XVIII até o final do século XIX. Essas idéias raciais mantêm um diálogo constante com a idéia de ‘civilização’. Estas mostram um conflito entre as idéias do liberalismo – e conseqüentemente o individualismo – e o pensamento social evolucionista e darwinista, que analisa o coletivo como um todo, e não os indivíduos. Por isso a ‘perfectabilidade’ de Rousseau passa a ganhar um sentido social, e que logo foi associado também ao conceito de ‘raça’.
Com a chegada da corte portuguesa ao Brasil a primeira coisa que eles precisavam fazer era mudar a visão que a Europa possuía do nosso país. Os europeus viam o Brasil como uma nação onde se predominava a antropofagia e estava cercada por uma gigantesca mata. Então a corte portuguesa para mudar o conceito que o Brasil possuía no exterior resolveu vender a imagem de que aqui em nosso país se produzia ciência. Foi nessa época que surgiram várias obras literárias voltadas ao pensamento científico. Um exemplo disso é “A carne” de Julio Ribeiro. Nesse livro a personagem principal “Lenita” é uma mulher dotada de conhecimentos de botânica, química, idiomas, anatomia e etc. Há no livro páginas inteiras apenas de descrições científicas e naturalistas minuciosas. Todo isso era fruto da imagem cientificista que o Brasil visava passar para o exterior.
Após certo tempo, nesse mesmo período, surgiram as teses do poligenismo e do monogenismo. O monogenismo possibilitava pensar as diferenças em termos evolutivos, enquanto o poligenismo remetia a uma diferença de origem, ou seja, raciais. É neste campo que se desenvolveram os estudos de frenologia e antropometria.
No texto “Populações meridionais”, de Oliveira Vianna, é a bordada a questão racial. Vianna indaga que há uma raça superior, ou seja, a branca (mais parecida com os europeus) e há a raça negra que era considerada inferior. Entretanto a tese dele se aprofunda na definição de uma raça intermediária “a raça mulata”. Oliveira estabelece certa hierarquia entre os mulatos. Quanto mais o mulato fosse parecendo-se com o branco mais dócil, mais bonito e mais inteligente seria o mesmo.
Portanto, podemos dividir o pensamente acadêmico da época em duas vertentes: o antropológico, ligado às idéias de poligenismo, imutabilidade, tipos humanos (pensamento voltado à biologia); e a segunda, ligada aos estudos etnológicos, ou seja, monogenista e da evolução cultural (pensamento voltado ao iluminismo).
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