sábado, 30 de outubro de 2010

Aquisição da Linguagem

Como adquirimos a linguagem?

SCARPA, Ester Mirian. Aquisição da linguagem. In: MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Ana Cristina. Introdução à lingüística: domínios e fronteiras. São Paulo: Cortez, 2001. v.2.

Ester Mirian Scarpa aborda em A aquisição da linguagem, as várias maneiras pela qual se adquire a faculdade humana da fala.

Na aquisição da língua materna há tanto a normal como a com “desvios”, de cunho genético. Já na segunda língua pode ser tanto em situação formal (aprendida nas escolas ou cursos) ou informal (aprendida naturalmente de acordo com a circunstância em que o individuo se encontra). E por fim a língua escrita que se dá através da alfabetização.

A autora afirma que o ser humano já nasce com uma bagagem lingüística, que é inata, e pode ser considerada uma gramática universal (p.205-210).

O Interacionismo Social

Segundo essa abordagem rituais comunicativos pré-verbais preparam e precedem a construção da linguagem pela criança (p. 114-115). Chomsky infere a respeito do conhecimento do adulto em relação à criança e destaca as seguintes observações:

1° Entonação “exagerada”
2° Frases mais curtas e menos complexas.
3° Referência espacial e temporal voltada para o momento de enunciação.
4° Palavras de conteúdo lexical mais rotineiro.
5° Paráfrase, repetições ou retomadas de emissões da criança (p.215).

A visão interacionista nega a obtenção do conhecimento (entendido aqui como conhecimento lingüístico) como não apenas dependente de um objeto, ou até mesmo, através da influencia deste. Mas os interacionistas acreditam que essa aprendizagem é obtida através da interação entre ambos. Um dos ramos do interacionismo social é o que se convencionou de chamar de “sociointeracionismo” esta afirma que a linguagem é uma forma constitutiva do conhecimento do mundo pela criança.

Segundo Lemos (1982) há três processos básicos no diálogo: especularidade (identificação entre os sinais dos dois interlocutores), complementalidade (incorporação de parte ou do todo do enunciado - compreensão) e a reversabilidade de papéis (assumir o papel do outro e instituir o outro como interlocutor).

Facetas atuais do sociointeracionismo
Cláudia Lemos indaga como a criança chegaria à língua a partir da interação com o adulto, alterativou o pensamento preferindo chamar de “interacionismo”. A sua postura é contrária a noção do conhecimento próprio do sujeito psicológico. Presente nas noções de desenvolvimento e de sujeito onisciente e contra a noção de representação mental, que é fonte e alvo de conhecimento lingüístico.

Assim a sua visão é contrária a aquisição ou construção do conhecimento de língua, denominado “desenvolvimento lingüístico”.

Por esse ponto de vista a criança passaria de interpretado a interprete, da incorporação da fala do outro à elevação da própria fala, tornando-se um falante em pleno controle da sua atividade lingüística.

A questão do período crítico



Ele afirma que a aquisição da linguagem natural é garantida até os seis anos de idade depois desse período ocorre várias mudanças maturacionas no celebro, por isso se dá o termo período crítico.

Já Aitchinson (1989) diz que os argumentos utilizados para a explicação, pela tese são insuficientes, por não atingir todos os questionamentos abaixo:

a) casos de estudos de indivíduos que foram isolados de qualquer convívio social ou troca lingüística e adquiriram a linguagem tardiamente;
b) o desenvolvimento da fala de crianças com síndrome de Down;
c) a suposta sincronia do período critico com a literalizaçãohemisférica;
d) dificuldade de aquisição da segunda língua na adolescência.

Embora os não-gerativistas vêem se contrapondo a essa explicação, mas ainda encontra resistência mesmo depois da aquisição da linguagem ser revista e relativizada.

Estágios de desenvolvimento da linguagem


O conhecimento de estágio é dinâmico, segundo Perroni (1994), porque não são pedaços justapostos uns após outros, mas sim uma cadeia de movimentos. A criança começa a balbuciar o som das vogais com consoantes e por ultimo forma palavras. A medida que o balbucio se padroniza antes da formação das palavras o conjunto de sons emitidos pela criança torna-se parecidos com as características da língua materna. Segundo relata Pinker, existe uma dificuldade na dominação de uma segunda língua na idade adulta, que não seja a língua materna. Porque na segunda língua o objetivo a ser alcançado na comunicação é o que fica na fala, e isso pode prejudicar os falantes nativos.


O interacionismo é uma visão que tanto se distancia do cognitivismo piagetiano quanto do inatismo chomskiano.

Os elementos da linguagem como ritmo e a entonação, ressai tanto na fala quanto na percepção da criança em relação à fala do adulto. A interação mutua entre criança e adulto tem um papel importante no processo dialógico onde a contribuição da criança é gestual e a do adulto é gestual, vocal e lingüística.

O adulto interpreta os gestos da criança depois suas manifestações vocais, com isso a criança sente que o adulto “interpretou” seus gestos, facilitando a compreensão da linguagem em construção.

REFERÊNCIA ELETRÔNICA
http://www.nce.ufrj.br/ginape/publicacoes/trabalhos/renatomaterial/aquisicao.htm
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¹ Graduando em letras pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) – Jequié. É poeta e palestrante em cultos protestantes. É também professor de Espanhol nos colégios Amadeus e Super Passo e professor de Português e Literatura no Colégio Municipal Adolfo Ribeiro.



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